sábado, 28 de setembro de 2013

A espera do “Cubaliwa”

O PROMETIDO É DEVIDO, já diz o ditado. E como no meu último post prometi que o próximo artigo aqui no Mundo Sub-Urbano, seria acerca do Azagaia, aqui estou a cumprir a promessa. A escolha foi aleatória, mas ela vem se conjugar ao facto de haver muita expetactiva em relação ao próximo álbum deste artista moçambicano. É que depois do surgimento, lançamento, em 2007, e sucesso do primeiro álbum deste rapper, intitulado “Babalaza” (Ressaca) – nome que surge em homenagem à obra literária “Babalaza das hienas”, de José Craveirinha, - a expectativa em relação ao próximo disco, o já anunciado “Cubaliwa”, é muito grande. O novo álbum tem a espinhosa missão de fazer jus a projecção e respeito que o rapper adquiriu com o seu primogénito.

O “Babalaza” mostrou um novo perfil do Aza. Este álbum deu-lhe uma nova visibilidade e até uma responsabilidade no seio do “povo” que se identica com as suas intervenções energicamente críticas. Este álbum define, quanto a mim, uma fase de transição no percurso artístico de Azagaia, de um rapper de pérfil “arruaceiro”, a que estávamos acostumados nos tempos de Dinastia Bantu, para um activista social defensor das causas socais.
Acredito que o primeiro trabalho discográfico de Azagaia tem também sua contribuição no processo de dissipação da ideia de que o “RAP é para marginais.” As tendências interventivas do então membro da Dinastia Bantu, a frontalidade e a postura desafiadora com que se posiciona perante “as injustiças sociais” resultantes da má actuação do Governo trazem ao Hip Hop o merecido respeito.

Com Babalaza, cuja sua apresentação pública começou com o single “mentiras da verdade”, Azagaia, sem sombra de dúvida, colocou pessoas de diferentes quadrantes socais e faixas etárias a escutarem o RAP, o que na verdade é uma conquista, se julgarmos pela posição que algumas pessoas mais velhas adoptavam no que se refere ao Hip Hop. Neste trabalho, o antigo elemento da Dinastia Bantu que já era uma referência no mundo de Hip Hop, embora reconhecido apenas nos círculos desta comunidade, inaugura sua forma de estar no RAP.
Antes disso, a dupla Escudo e Azagaia, era, não poucas vezes, comparado com a dupla norte-americana Method Man e Red Man, embora ambos com gestas que lembrassem o membro da Wu-tang. A dupla moçambicana já apresentava timidamente e num característico circuito underground mensagens frontais que denunciavam a postura do poder políticos em Moçambique.

Desde essa época a postura de Azagaia demonstrava a tendência que hoje se confirma. Mas a verdade é que poucos podiam imaginar que isso pudesse ir avante, principalmente porque muitos já haviam começado a traçar o mesmo caminho. Porém, muitos deles não chegaram a se firmar no mercado com a mesma pujança tendo sido reconhecidos nos meandros de Hip Hop. Exemplo disso é a extinta “Banda Podre,” a quem endereço a minha vénia.
Azagaia conseguiu com o Babalaze tornar-se conversa em diferentes quadrantes sociais, nas esquinas dos bairros, nos chapas e até nas salas de aulas das escolas e faculdades. Com temas como “As mentiras de verdade”e mais tarde “Povo no Poder“ onde o Azagaia faz denúncias de corrupção, nepotismo e tráfico de influência nas nossas instituições públicas, ele conquistou o respeito dos que partilham as mesmas ideias, embora muitos nunca tenham tido coragem de denunciar aberta e publicamente.

Após lançar o primeiro tema e o respectivo vídeo clip, o emcee trouxe ao público mais uma faixa intitulado “Marcha”, levando o público, que já estava delirante, a êxtase. E ele resume isso dizendo que, nas suas músicas apenas diz publicamente o que todo moçambicano fala nas esquinas. Com o primeiro álbum, Azagaia alcançou uma dimensão internacional. Chamando para si a atenção de grandes redes de comunicação social, convidado a discutir e defender suas posições.

A nova postura fez-lhe ganhar amigos e admiradores, por um lado, e obviamente alguns “inimigos”. Uns e outros sentiam-se, e ainda se sentem, incomodados com a sua extravagância lírica. O rapper passeou a classe nos estúdios da BBC dando entrevista sobre sua “livre expressão.” Também foi notificado pela Procuradoria a prestar esclarecimentos relativamente à música “Povo no poder”, supostamente porque tema é um incitamento à violência. Mesmo assim manteve sua postura.

Esse processo, e os singles que o artista tem lançado, são motivo mais que suficiente para que as expectativas agudizam-se cada vez mais em relacção ao Cubaliwa. O que se espera é que este álbum seja tão bom ou melhor que o primeiro. Que corresponda às expectativas que a demora do seu lançamento cria nos amantes do Rap e do Aza. As faixas que Aza tem lançado, no intervalo entre os dois trabalhos, já dão indicações daquilo que será o álbum. São temas que, sem fugir do carácter interventivo do rapper, demonstraram mais maturidade na concepção das letras. As histórias são contadas de maneira mais atractiva. Certamente que, o lançamento deste álbum merecerá uma especial atenção do Sub-Urbano.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Mundo Sub-Urbano

Espaco suburbano e o mais recente ponto de encontro entre a comunidade local e o mundo. Vou escrever tudo que acontece nos gueros.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Estamos de volta para fazer frente a essa diferença no meio deste pântano cheio de