sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Xivica, The Rasta Man Rapper


Os amantes da música, certamente, já devem ter se apercebido que alguns álbuns têm a peculiar característica de nos encantarem aos poucos. Como uma paixão que nos toma ao de leve e nos domina. Mas isso não é o que acontece com o trabalho discográfico “Lutar para vencer” de Xivica. O seu primeiro solo. Este álbum cresce num ritmo acelerado e logo nos encanta. Pelo menos foi assim comigo.

Xivica é certamente uma referência obrigatória no circuito underground do Hip Hop moçambicano. Lutar para vencer foi lançado em meados deste ano (2013), mas como rapper ele já vem percorrendo os caminhos do Hip Hop há já bastante tempo, ao lado de emcces como Drakulah, Genérico, Big Son, Linha Imaginária entre muitos outros com que executa sua arte de rimar.

Na tradição africana um homem por mais crescido que seja, não poderá merecer o devido respeito de outra gente adulta enquanto não tiver uma esposa e um filho. Dando seguimento a esse pensamento que nos é característico, como africanos, podemos assumir que este artista que já vem trilhando o caminho de RAP a anos, já assumiu-se como homem crescido. O seu primogénito, “Lutar para Vencer” lhe confere esse estatuto. Esse é, de resto, um álbum mediano, mas que justifica a experiência adquirida aos longo dos anos de actuação, boa parte dos quais, no grupo Império Sagrado, sua actual colectividade. É a mistura de um bom emcee com o flow no ponto, rimando por cima de beats fets à medida das suas capacidades líricas e o resultado disso é exactamente Lutar para vencer.

Nesse álbum Xivica, em termos de reportório, fez o que muitos rappers já fizeram nos primeiros trabalhos. Temas escolhidos a dedo. Fala de Hip Hop, atira um Freestyle, declama poesia e ainda faz uma declaração de amor. Xivica explora três línguas no álbum, português, changana e inglês.

A proposta, em termos de mensagem, é preferencialmente social em instrumentais melódicos com batidas básicas marcantes de Slave Boy. Liricamente, o artista mantém-se em forma. Não apresenta grande novidades em termos de concepção das letras, mas a carácter “divinal” das suas composições aparece pouco se comparado com as letras a que estamos acostumados quando intervém na sua Clan. São letras com tendências a definir os objectos que constituem seu tema, 
com um traço evidente de anáfora.

O álbum abre com um intro de pouco mais de um minuto. Segue-se o primeiro tema “a vida é um milagre” onde expressa as várias percepções daquilo que é a vida e suas contrariedades. Nessa faixa o Rasta Man Rapper assegura-nos que o segredo para o sucesso é persistir. Este som é o primeiro convite para se escutar o álbum. Na entrada do segundo tema, intitulado Fiona, ele mantém a altivez da primeira música e prende ainda a atenção de quem o escuta.

Cidade de Maputo, na sétima posição, produzido por Slave Boy, destaca-se também pela positiva. Nesta Xivica mostra-se indignado com a “cenário complicado” que se vive na capital moçambicana, onde “pobres ficam pobres e ricos ficam ricos” e afirma “não sei quem é mais bandido, se é o gangster ou o polícia”. A música vai rolando, mantendo a radiografia da “cidade das acácias
“ sob perspectiva do artista.

Lutar para vencer é um daqueles álbuns que escutas todas as músicas, sem precisar pisar o next. O interlúdio na décima-quarta posição relembra os beats de The RZA do agrupamento norte-americano, Wu Tang. Com simples de Kung Fu. O álbum fecha com um especial agradecimento ao numa faixa com título “obrigado meu senhor,” produzido pelo próprio Xivica.


Xivica – Lutar para vencer
1.      Intro
2.      A vida é um milagre
3.      Fiona
4.      Hip Hop
5.      África
6.      Interlúdio
7.      Cidade de Maputo
8.      Música
9.      Lizandzo
10.  I’m on my may
11.  Interlúdio
12.  Lutar para vencer
13.  HIV
14.  Interlúdio
15.  Neyber hood
16.  Percurso das minhas obras
17.  Freestyle
18.  Revolução
19.  O mundo de cima para baixo
20.  Obrigado meu senhor

Ano: 2013
Gravadoras: Champion studio, Tchaya record’s, BJD service e Miro estúdio
Produtores:  Slave boy (2, 3, 4, 5, 7, 8 e 12,); Xivica (9, 13, 15, 16, 17, 18, 19 e 20);


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