Xivica é certamente uma
referência obrigatória no circuito underground
do Hip Hop moçambicano. Lutar para vencer
foi lançado em meados deste ano (2013), mas como rapper ele já vem percorrendo
os caminhos do Hip Hop há já bastante tempo, ao lado de emcces como Drakulah,
Genérico, Big Son, Linha Imaginária entre muitos outros com que executa sua
arte de rimar.
Na tradição africana um homem por mais crescido que
seja, não poderá merecer o devido respeito de outra gente adulta enquanto não
tiver uma esposa e um filho. Dando seguimento a esse pensamento que nos é característico,
como africanos, podemos assumir que este artista que já vem trilhando o caminho
de RAP a anos, já assumiu-se como homem crescido. O seu primogénito, “Lutar para Vencer” lhe confere esse
estatuto. Esse é, de resto, um álbum mediano, mas que justifica a experiência
adquirida aos longo dos anos de actuação, boa parte dos quais, no grupo Império Sagrado, sua actual
colectividade. É a mistura de um bom emcee com o flow no ponto, rimando por cima
de beats fets à medida das suas capacidades líricas e o resultado disso é
exactamente Lutar para vencer.
Nesse álbum Xivica, em termos de reportório, fez
o que muitos rappers já fizeram nos primeiros trabalhos. Temas escolhidos a dedo.
Fala de Hip Hop, atira um Freestyle, declama poesia e ainda faz uma declaração
de amor. Xivica explora três línguas no álbum, português, changana e inglês.
A proposta, em termos de mensagem, é preferencialmente
social em instrumentais melódicos com batidas básicas marcantes de Slave Boy. Liricamente, o artista mantém-se
em forma. Não apresenta grande novidades em termos de concepção das letras, mas
a carácter “divinal” das suas composições aparece pouco se comparado com as
letras a que estamos acostumados quando intervém na sua Clan. São letras com
tendências a definir os objectos que constituem seu tema,
com um traço evidente
de anáfora.
O álbum abre com um intro de pouco mais de um
minuto. Segue-se o primeiro tema “a vida
é um milagre” onde expressa as várias percepções daquilo que é a vida e
suas contrariedades. Nessa faixa o Rasta Man Rapper assegura-nos que o segredo para
o sucesso é persistir. Este som é o primeiro convite para se escutar o álbum.
Na entrada do segundo tema, intitulado Fiona,
ele mantém a altivez da primeira música e prende ainda a atenção de quem o
escuta.
Cidade
de Maputo, na
sétima posição, produzido por Slave Boy, destaca-se também pela positiva. Nesta
Xivica mostra-se indignado com a “cenário complicado” que se vive na capital
moçambicana, onde “pobres ficam pobres e ricos ficam ricos” e afirma “não sei
quem é mais bandido, se é o gangster ou o polícia”. A música vai rolando,
mantendo a radiografia da “cidade das acácias
“ sob perspectiva do artista.
“ sob perspectiva do artista.
Lutar para vencer é um daqueles álbuns que
escutas todas as músicas, sem precisar pisar o next. O interlúdio na décima-quarta posição relembra os beats de The RZA do agrupamento norte-americano,
Wu Tang. Com simples de Kung Fu. O álbum fecha com um especial agradecimento ao
numa faixa com título “obrigado meu senhor,” produzido pelo próprio Xivica.
Xivica – Lutar para vencer
1. Intro
2. A vida é um milagre
3. Fiona
4. Hip Hop
5. África
6. Interlúdio
7. Cidade de Maputo
8. Música
9. Lizandzo
10. I’m on my may
11. Interlúdio
12. Lutar para vencer
13. HIV
14. Interlúdio
15. Neyber hood
16. Percurso das minhas
obras
17. Freestyle
18. Revolução
19. O mundo de cima para
baixo
20. Obrigado meu senhor
Ano: 2013
Gravadoras: Champion studio, Tchaya
record’s, BJD service e Miro estúdio
Produtores: Slave boy (2, 3, 4, 5, 7, 8 e 12,); Xivica (9,
13, 15, 16, 17, 18, 19 e 20);
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