Cubaliwa, Lavagem Cerebral e
III Bloko dos K7 Azuis são alguns dos álbuns que deverão estar nas ruas nos
próximos dois meses que ainda restam para o final do ano. O facto é que estes
são dos trabalhos mais esperados nos últimos tempos. Pelo menos no que diz
respeito ao circuito underground do
movimento Hip Hop moçambicano. Esta é, de resto, a boa nova que povoa as mentes
dos amantes do RAP nacional.
Sobre o primeiro, Cubaliwa,
muito se pode dizer. Quem avalia as músicas - ABC do preconceito e Cão de raça -
que, neste momento, fazem a promoção deste segundo trabalho discográfico de
Azagaia já pode começar a medir a temperatura do álbum. Ela está alta, afirmo sem
medo de errar. Este álbum vem sendo prometido a bastante tempo e depois de
muita e longa espera, estou confiante que o trabalho irá corresponder às expectativas
que a demora no seu lançamento criou.
A proposta de Flash Enccy, Lavagem
Cerebral, é mais ousada, bem à medida das suas capacidades líricas. Os que
acompanham a carreira deste homem do Hip Hop nacional sabem do que estou a
falar. Quem escutou/escuta “Episódio específico de Loucura” deve ter noção de
que a lavagem cerebral é possível. E mais do que isso perceberá que a “revolução
começa no ponto de vista de cada cidadão.”
Mas, uma coisa é certa. O Flash
Enccy que uma vez disse que o “estúdio é a oficina onde o MC é mecânico” não
parece o mesmo que hoje “entra numa sala de aula para dar aulas sobre sexo às
crianças” (escuta a faixa de promoção do novo álbum). O flow não sofreu grandes
modificações, mas a agressividade já não é a mesma. Naquela época estávamos diante
de um rapper que lutava por um espaço. “Eu luto pelo espaço que sempre me foi
merecido,” disse uma vez numa música. Estava ávido em mostrar o que realmente
valia. Hoje, estamos diante de um “Hipopótamo” incontornável na cena do Hip Hop
nacional e a motivação já não é a mesma. Se essa e outras modificações são
positivas ou negativas, isso é discutível.
Mas nós continuamos a espera
da lavagem cerebral.
E, finalmente, teremos em
Dezembro o terceiro Bloco dos K7 Azuis, os soldados da paz. São 40 faixas num
só álbum. Algo inédito cá em Moz. Mas mais do que a quantidade das faixas, é a
qualidade que elas deverão ter que realmente importa.
Nos blocos ou se quisermos álbuns
anteriores, este grupo, comandado pelo produtor Baba-X, nos habituou a uma
escrita caracterizada por muita poesia e mensagem bastante consciente. Ainda
não ouvi as faixas que compõem o álbum, mas a avaliar pelo desempenho destes “agentes
da ONU” nas suas músicas mais ou menos recentes posso afirmar que teremos horas
infinitas de muita boa poesia.
Uma nota negativa aos falsos
amantes de RAP. A notícia de que algumas faixas deste trabalho vazaram e
estavam a ser consumida antes de estarem prontas é deveras preocupantes. Isso
não abona em nada a comunidades Hip Hop, nem a música em geral. O Mundo
Sub-Urbano condena esse tipo de atitude.