(…) Eu acredito que a vida de um ser humano passa necessariamente por três fases: tentativa, queda, superação (...) A gente se torna no se torna porque primeiro passa por uma espécie de tentativa. E nessa tentativa vamos tendo uma espécie de quedas, que são “fracassos”, mas se a gente insiste e se dedica naquilo que quer, passamos para outra fase, que é a de superação.” Estas palavras, mais do que explicarem a visão do Khronic sobre o percurso natural do homem enquanto ser vivo, trazem a essência do que se pode encontrar no álbum “Tentativa, Queda, Superação”, seu primeiro trabalho discográfico lançado em Outubro deste ano -2013.
sábado, 7 de dezembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Xivica, The Rasta Man Rapper
domingo, 27 de outubro de 2013
Cubaliwa, Lavagem Cerebral e III Bloko dos K7 Azuis.... à porta
Cubaliwa, Lavagem Cerebral e
III Bloko dos K7 Azuis são alguns dos álbuns que deverão estar nas ruas nos
próximos dois meses que ainda restam para o final do ano. O facto é que estes
são dos trabalhos mais esperados nos últimos tempos. Pelo menos no que diz
respeito ao circuito underground do
movimento Hip Hop moçambicano. Esta é, de resto, a boa nova que povoa as mentes
dos amantes do RAP nacional.
Sobre o primeiro, Cubaliwa,
muito se pode dizer. Quem avalia as músicas - ABC do preconceito e Cão de raça -
que, neste momento, fazem a promoção deste segundo trabalho discográfico de
Azagaia já pode começar a medir a temperatura do álbum. Ela está alta, afirmo sem
medo de errar. Este álbum vem sendo prometido a bastante tempo e depois de
muita e longa espera, estou confiante que o trabalho irá corresponder às expectativas
que a demora no seu lançamento criou.
A proposta de Flash Enccy, Lavagem
Cerebral, é mais ousada, bem à medida das suas capacidades líricas. Os que
acompanham a carreira deste homem do Hip Hop nacional sabem do que estou a
falar. Quem escutou/escuta “Episódio específico de Loucura” deve ter noção de
que a lavagem cerebral é possível. E mais do que isso perceberá que a “revolução
começa no ponto de vista de cada cidadão.”
Mas, uma coisa é certa. O Flash
Enccy que uma vez disse que o “estúdio é a oficina onde o MC é mecânico” não
parece o mesmo que hoje “entra numa sala de aula para dar aulas sobre sexo às
crianças” (escuta a faixa de promoção do novo álbum). O flow não sofreu grandes
modificações, mas a agressividade já não é a mesma. Naquela época estávamos diante
de um rapper que lutava por um espaço. “Eu luto pelo espaço que sempre me foi
merecido,” disse uma vez numa música. Estava ávido em mostrar o que realmente
valia. Hoje, estamos diante de um “Hipopótamo” incontornável na cena do Hip Hop
nacional e a motivação já não é a mesma. Se essa e outras modificações são
positivas ou negativas, isso é discutível.
Mas nós continuamos a espera
da lavagem cerebral.
E, finalmente, teremos em
Dezembro o terceiro Bloco dos K7 Azuis, os soldados da paz. São 40 faixas num
só álbum. Algo inédito cá em Moz. Mas mais do que a quantidade das faixas, é a
qualidade que elas deverão ter que realmente importa.
Nos blocos ou se quisermos álbuns
anteriores, este grupo, comandado pelo produtor Baba-X, nos habituou a uma
escrita caracterizada por muita poesia e mensagem bastante consciente. Ainda
não ouvi as faixas que compõem o álbum, mas a avaliar pelo desempenho destes “agentes
da ONU” nas suas músicas mais ou menos recentes posso afirmar que teremos horas
infinitas de muita boa poesia.
Uma nota negativa aos falsos
amantes de RAP. A notícia de que algumas faixas deste trabalho vazaram e
estavam a ser consumida antes de estarem prontas é deveras preocupantes. Isso
não abona em nada a comunidades Hip Hop, nem a música em geral. O Mundo
Sub-Urbano condena esse tipo de atitude.
“Mil palavras de revolução” a caminho do “Lavagem cerebral”
A expectativa era
grande e aumentava a cada dia. Os amantes do Hip Hop estavam ansiosos pelo
encontro monstruoso dos senhores do Hop Hop moçambicano que tinham como missão
espalhar as Mil Palavras de Revolução, num espectáculo organizado pelo elemento
do colectivo Micro 2, Flash Ency ou simplesmente Vaccina Boss.
Na verdade, tal como
o próprio Vaccina Boss explicou, o Mil Palavras de Revolução marcava apenas uma
etapa no caminho que se percorre em direcção à “Lavagem cerebral,” seu trabalho
discográfico que se espera que esteja nas ruas em Dezembro próximo.
O África Bar, local
que acolheu o evento esteve lotado. Com duas horas de atrasos (marcado para
16:00h começou 18:00h) que já causavam resmungo nos dezenas de niggas que se
fizeram ao local, deu início o show sob comando do Mestre de Cerimónia,
Tira-Teimas. Este que é elemento do grupo Irmandade.
Posto isto, o emcee
Massa Cinzenta teve a responsabilidade de inaugurar o palco e fê-lo à medida
das suas capacidades. Prosseguindo com o jogo, Kadabra MC, a promessa do estilo
livre (Free Style), no panorama do Hip Hop nacional e por muito considerado o “homem
da noite,” fez jus ao rótulo de “mestre de improviso” que agora lhe cabe. Mostrou-se
aos que estavam do oposto do palco o que de bom sabe fazer. Lançar Freestyle.
Trouxe o seu já conhecido mas ainda surpreendente jogo de rimas e arrancou
aplausos e risos da plateia. Nota positiva para este rapper que, muito a
propósito das suas habilidades, subiu ao palco pelo menos três vezes para
deixar ficar seus versos. Quanto a mim, um sinal de que há sempre espaço para
quem mostra serviço.
No meu relógio
faltavam apenas 10 minutos para as 19:00 quando Massa Cinzenta, pela
segunda vez regressou ao palco, nessa altura o feeling de que estávamos num show de Hip Hop começava a fluir mais,
mas mesmo assim as “palavras de revolução,” estas ainda tardavam a chegar.
Instantes depois Xivica
– The rastman rapper – mostrava também suas habilidades no santuário do África
Bar. Com o tema ‘Cidade de Maputo’ “a cidade onde não se vive, apenas se
sobrevive; onde os pobres ficam pobres e os ricos ficam ricos” deixou ficar o
seu pensamento revolucionário. É preciso não esquecer que “a revolução começa
no ponto de vista de cada cidadão. Aquele tema faz parte do álbum “Lutar para Vencer” que inclusivamente esteve
a venda no local.
Os niggas se sucediam
no palco deixando ficar suas palavras de revolução (?). Alguns deles com muito
fraco desempenho em palco.
Depois da actuação
do Mentor- o Carismático - ao lado de Kronic, o rapper Stink Soldier foi
encarregue de fechar a primeira parte do show. As expectativas dos niggas que
assistiam não estavam a ser satisfeitas ao nível desejado, avaliando pelo nível
de aceitação e feeling que
demonstravam. O Mestre de Cerimónia foi muitas vezes obrigado a apelar a reacção
da plateia com o seu grito de guerra – What’s up, What’s up?
África Bar ia
ficando cada vez mais inundado quando o Tira-Teimas deixou ficar seus já
conhecidos versos do tema “o povo não é burro completamente.” O elemento da Irmandade
levantou uma questão merecedora da reflexão: Como é possível a pobreza acabar
(em Moçambique) se o Governo é que nos está a roubar? E assim fechava a
primeira parte. (Continua)
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Metamorfoses na escrita de Azagaia
" (…) Se a polícia é violenta respondemos com
violência
Muita causa pra
se mudar a consequência” (Azagaia, 2008)
“(…) Contra polícia
violenta, disparo o artigo quarenta
se a lei não representa eu preparo o oitenta
depois o trinta e cinco, quarenta e oito, quarenta e três
aprendam de uma vez Estado não são só vocês (…)” (Azagaia, 2013)
Mais uma vez, Edson da Luz ou simplesmente Azagaia, rapper moçambicano autor do álbum “Babalaze,” aparece nas páginas do Mundo Sub-Urbano. Mas desde vez não há nenhuma intenção de ensaiar uma resenha tal como no artigo passado, quero apenas evidenciar a constatação que registei ao escutar as músicas desde polémico rapper.
se a lei não representa eu preparo o oitenta
depois o trinta e cinco, quarenta e oito, quarenta e três
aprendam de uma vez Estado não são só vocês (…)” (Azagaia, 2013)
Mais uma vez, Edson da Luz ou simplesmente Azagaia, rapper moçambicano autor do álbum “Babalaze,” aparece nas páginas do Mundo Sub-Urbano. Mas desde vez não há nenhuma intenção de ensaiar uma resenha tal como no artigo passado, quero apenas evidenciar a constatação que registei ao escutar as músicas desde polémico rapper.
As citações acima retiradas de duas músicas do mano Aza, a
primeira no tema “Povo no Poder” de 2008 e a segunda no “Música de Intervenção
Rápida (M.I.R.)” de 2013, evidenciam a forma como a base criativa da construção
das letras sofreu uma modificação. Quanto a mim mais consciente.
Já no outro artigo sobre Azagaia o Mundo Sub-Urbano chamava atenção para o facto de este homem de Hip
Hop moçambicano estar a demonstrar mais maturidade na concepção das letras, o
que se comprova com as histórias mais atractivas que ele conta.
Mas focalizando naqueles versos nota-se claramente a forma
como Azagaia abandona a Lei de Moisés (violência responde-se com violência) e
busca formas legais de resolver o problema de violência recorrendo à Lei Mãe. O autor destas linhas louva esta tendência. E só para deixar
o leitor mais a par do assunto vou transcrever os artigos da Constituição da
República citadas pelo rapper, e na mesma ordem que ele o usa.
Na Música de Intervenção Rápida (MIR), Azagaia menciona os artigos
Artigo 40 (Direito à vida)
1. Todo o cidadão tem
direito à vida e à integridade física e moral e não pode ser sujeito à tortura
ou tratamentos cruéis ou desumanos.
2. Na República de
Moçambique não há pena de morte.
Artigo 80 (Direito
de resistência)
O cidadão tem o direito de não acatar ordens ilegais ou que
ofendam os seus direitos, liberdades e garantias.
Artigo 35 (Princípio da universalidade e igualdade)
Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos
direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da cor, raça,
sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição
social, estado civil dos pais, profissão ou opção política.
Artigo 48 (Liberdades de expressão e informação)
1. Todos os cidadãos
têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o
direito à informação.
2. O exercício da
liberdade de expressão, que compreende nomeadamente, a faculdade de divulgar o
próprio pensamento por todos os meios legais, e o exercício do direito à
informação não podem ser limitados por censura.
3. A liberdade de
imprensa compreende, nomeadamente, a liberdade de expressão e de criação dos
jornalistas, o acesso às fontes de informação, a protecção da independência e
do sigilo profissional e o direito de criar jornais, publicações e outros meios
de difusão.
4. Nos meios de
comunicação social do sector público são assegurados a expressão e o confronto
de ideias das diversas correntes de opinião.
5. O Estado garante a isenção dos meios de comunicação social
do sector público, bem como a independência dos jornalistas perante o Governo,
a Administração e os demais poderes políticos.
6. O exercício dos direitos e liberdades referidos neste
artigo é regulado por lei com base nos imperativos do respeito pela Constituição
e pela dignidade da pessoa humana.
Artigo 43 (Interpretação dos direitos fundamentais)
Os preceitos
constitucionais relativos aos direitos fundamentais são interpretados e
integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a
Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos.
sábado, 28 de setembro de 2013
A espera do “Cubaliwa”
O PROMETIDO É DEVIDO, já diz o ditado. E
como no meu último post prometi que o próximo artigo aqui no Mundo Sub-Urbano,
seria acerca do Azagaia, aqui estou a cumprir a promessa. A escolha foi
aleatória, mas ela vem se conjugar ao facto de haver muita expetactiva em
relação ao próximo álbum deste artista moçambicano. É que
depois do surgimento, lançamento, em 2007, e sucesso do primeiro álbum deste
rapper, intitulado “Babalaza” (Ressaca) – nome que surge em homenagem à
obra literária “Babalaza das hienas”, de José Craveirinha, - a expectativa em
relação ao próximo disco, o já anunciado “Cubaliwa”, é muito
grande. O novo álbum tem a espinhosa missão de fazer jus a projecção e respeito
que o rapper adquiriu com o seu primogénito.
O
“Babalaza” mostrou um novo perfil do Aza. Este álbum
deu-lhe uma nova visibilidade e até uma responsabilidade no seio do “povo” que
se identica com as suas intervenções energicamente críticas. Este álbum define,
quanto a mim, uma fase de transição no percurso artístico de Azagaia, de um
rapper de pérfil “arruaceiro”, a que estávamos acostumados nos tempos de
Dinastia Bantu, para um activista social defensor das causas socais.
Acredito
que o primeiro trabalho discográfico de Azagaia tem também sua contribuição no
processo de dissipação da ideia de que o “RAP é para marginais.” As tendências
interventivas do então membro da Dinastia Bantu, a frontalidade e a postura desafiadora
com que se posiciona perante “as injustiças sociais” resultantes da má actuação
do Governo trazem ao Hip Hop o merecido respeito.
Com
Babalaza, cuja sua apresentação pública começou com o single “mentiras da
verdade”, Azagaia, sem sombra de dúvida, colocou pessoas de diferentes
quadrantes socais e faixas etárias a escutarem o RAP, o que na verdade é uma
conquista, se julgarmos pela posição que algumas pessoas mais velhas adoptavam
no que se refere ao Hip Hop. Neste trabalho, o antigo elemento da Dinastia
Bantu que já era uma referência no mundo de Hip Hop, embora reconhecido apenas
nos círculos desta comunidade, inaugura sua forma de estar no RAP.
Antes
disso, a dupla Escudo e Azagaia, era, não poucas vezes, comparado com a dupla
norte-americana Method Man e Red Man, embora ambos com gestas que lembrassem o
membro da Wu-tang. A dupla moçambicana já apresentava timidamente e num
característico circuito underground mensagens frontais que
denunciavam a postura do poder políticos em Moçambique.
Desde
essa época a postura de Azagaia demonstrava a tendência que hoje se confirma.
Mas a verdade é que poucos podiam imaginar que isso pudesse ir avante,
principalmente porque muitos já haviam começado a traçar o mesmo caminho.
Porém, muitos deles não chegaram a se firmar no mercado com a mesma pujança
tendo sido reconhecidos nos meandros de Hip Hop. Exemplo disso é a extinta
“Banda Podre,” a quem endereço a minha vénia.
Azagaia
conseguiu com o Babalaze tornar-se conversa em diferentes quadrantes sociais,
nas esquinas dos bairros, nos chapas e até nas salas de aulas das escolas e
faculdades. Com temas como “As mentiras de verdade”e mais tarde “Povo no Poder“
onde o Azagaia faz denúncias de corrupção, nepotismo e tráfico de influência
nas nossas instituições públicas, ele conquistou o respeito dos que partilham
as mesmas ideias, embora muitos nunca tenham tido coragem de denunciar aberta e
publicamente.
Após
lançar o primeiro tema e o respectivo vídeo clip, o emcee trouxe ao público
mais uma faixa intitulado “Marcha”, levando o público, que já estava delirante,
a êxtase. E ele resume isso dizendo que, nas suas músicas apenas diz
publicamente o que todo moçambicano fala nas esquinas. Com o primeiro álbum,
Azagaia alcançou uma dimensão internacional. Chamando para si a atenção de
grandes redes de comunicação social, convidado a discutir e defender suas
posições.
A
nova postura fez-lhe ganhar amigos e admiradores, por um lado, e obviamente
alguns “inimigos”. Uns e outros sentiam-se, e ainda se sentem, incomodados com
a sua extravagância lírica. O rapper passeou a classe nos estúdios da BBC dando
entrevista sobre sua “livre expressão.” Também foi notificado pela Procuradoria
a prestar esclarecimentos relativamente à música “Povo no poder”, supostamente
porque tema é um incitamento à violência. Mesmo assim manteve sua postura.
Esse
processo, e os singles que o artista tem lançado, são motivo mais que
suficiente para que as expectativas agudizam-se cada vez mais em relacção
ao Cubaliwa. O que se espera é que este álbum seja tão bom ou
melhor que o primeiro. Que corresponda às expectativas que a demora do seu
lançamento cria nos amantes do Rap e do Aza. As faixas que Aza tem lançado, no
intervalo entre os dois trabalhos, já dão indicações daquilo que será o álbum. São
temas que, sem fugir do carácter interventivo do rapper, demonstraram mais
maturidade na concepção das letras. As histórias são contadas de maneira mais
atractiva. Certamente que, o lançamento deste álbum merecerá uma especial
atenção do Sub-Urbano.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Mundo Sub-Urbano
Espaco suburbano e o mais recente ponto de encontro entre a comunidade local e o mundo. Vou escrever tudo que acontece nos gueros.
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